Comemorações, Japão, Lições e Bolívia

Mês passado aconteceu em todo o país, mais precisamente em São Paulo, comemorações que, redundantemente, comemoraram os 100 anos da imigração japonesa. Nesse período, japoneses e seus descendentes tiveram seu orgulho massageados ao verem que o país do sol nascente e seus habitantes foram, e são, de grande importância para o Brasil, e seu crescimento. Tá certo que houve grande exagero, como o aparato cinematográfico que fizeram no Sambódromo do Anhembi especialmente para o príncipe que eu e grande parte dos brasileiros não sabem nem o nome. Mas isso até que foi válido, visto que este pessoal de olhos puxados ajudou em setores como a agricultura, o automobilístico, e porque não, o dos pastéis, esses que já fazem parte da gastronomia nacional. Nesse último ponto os chineses também são importantes.

Porém em minha opinião, o maior reinado que esse pessoal trouxe para nós foi a obediência e a rigidez, não aquela da ditadura, mas aquela que ajuda o brasileiro a ser uma pessoa mais disciplinada tendo em vista o alcance de seus objetivos. Isso se comprova com o grande número de descendentes nipônicos que ingressam anualmente nas melhores universidades do país. Não seria o caso de os nossos queridos deputados e senadores criarem uma cota para barrá-los? Brincadeira, xenofobia e preconceito não estão com nada!

Como se vê o Brasil acolheu bem os japoneses, e a relação entre ambos é amistosa, mas isso se deve apenas à ajuda destes orientais na nossa economia? Ou também ao fato de que eles têm ligações com um país de primeiro mundo que possui uma das maiores economias do mundo; um índice de desenvolvimento humano altíssimo; e, até por que não, que produziu coisas como Jaspion, Changeman, Flashman e Cavaleiros do Zodiaco? Só não pensem em Sabrina Sato, pois essa não representa o que são os japoneses, a não ser pelos olhos. haha

Eu pensei em tudo isso porque recentemente foi instalado no Memorial da América Latina um centro de apoio aos imigrantes bolivianos que estão em São Paulo. Povo esse que dificilmente, igual aos japoneses, cria problemas na cidade, e que também possui um low-profile, visto que a maioria é recatada e de poucas palavras. O pior é que essas semelhanças pelo visto não são reconhecidas pelo pessoal, visto que no prédio tem um cartaz com a seguinte frase: “Ninguna persona es ilegal”. É para pensar se isso aconteceu com os japoneses 100 anos atrás. E se os japinhas chegassem agora, a hospitalidade dos brasileiros seria a mesma? Se pegarmos um exemplo, quando estava passando no local vi duas meninas brasileiras que comentavam o cartaz, na qual uma delas tirou sarro da mensagem ao falar em voz alta: “Todos são Ilegais!”, ao mesmo tempo em que ria. E aí, seria?

Fica a reflexão para sabermos se as comemorações dos 100 anos da imigração boliviana terão a mesma repercussão que a japonesa obteve, principalmente nos meios de comunicação. Esses que dificilmente e infelizmente noticiam algo sobre a Bolívia que não esteja relacionado com Evo Morales e gás natural.

Abraços!

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