Nem Sempre Perdas
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Nem Sempre Perdas


Carina estava acostumada a perder. Antes de nascer, já havia perdido seus avós. No parto, perdeu sua mãe. Tentando esquecer ou lutar contra as lembranças de todas as menores perdas, perdeu noites e noites de sono. No colégio, perdeu o namorado para sua melhor amiga. Num acidente, perdeu seu pai. Numa cirurgia, perdeu muito sangue. Numa aposta, perdeu dinheiro. Estava cansada de se acostumar. Por se achar inferior e, muitas vezes, insuportavelmente, sem sorte, perdeu amigos, perdeu familiares. Algumas vezes se perdeu e riu, por achar uma ironia.
Levava sempre com ela um caderno grosso de capa vermelha, onde anotava cada uma de suas perdas. Ônibus, pessoas, oportunidades, empregos, amigos, palavras, lembranças, recordações, imagens, sons, cheiros, músicas. A vida não era fácil para Carina. Todos que viviam perto dela a olhavam com pena, com profunda pena, já que, segundo eles, aquela menina nada tinha. Tudo estava perdido para ela, concluíam.
Carina não pensava assim, apesar de tudo. Às vezes ela até pensava que havia ganhado alguma coisa. O que importava para ela, na verdade, era o fato de estar viva, o que funcionava como um grande presente. Ela corria atrás de tudo que podia, apesar de quase sempre perder alguma coisa. Carina já escrevia seu caderno de perdas número 38, quando percebeu que a vida dela estava baseada em perdas. Um dia, depois de mais uma noite de sono perdida, Carina pegou aquela caixa com seus 38 cadernos e queimou. Viu cada uma de suas perdas ir embora para o esquecimento. Depois de tudo certo, depois de suas perdas virarem cinzas, ela foi à papelaria. Comprou um caderno grosso de capa azul e começou a escrever, a partir daí, o que ela estava passou a ganhar. Não se sabe quantos cadernos ela deve preencher, mas ela está motivada a aproveitar cada um de seus presentes.



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