MySpace conquista espaço

Com a expansão dos sites de relacionamento no início do século XXI, a internet propiciou aos seus usuários uma participação cada vez maior no mundo virtual. Quem, atualmente, não faz parte de algum site, como o Orkut, em que a liberdade de expressão e a interatividade unem pessoas de culturas semelhantes? E, como não poderia de deixar de ser, o cenário musical não saiu ileso a essas mudanças e novidades da rede mundial de computadores.

Como representante desse quadro, temos o site norte-americano Myspace, que possibilita a seus usuários postarem fotos, vídeos, blogs e participarem de comunidades. E, com o assunto é música, bandas desconhecidas da grande mídia e em início de carreira têm a chance de verem seus trabalhos divulgados a uma grande quantidade de internautas, sem a necessidade de fazerem grandes investimentos financeiros.

“A falta de espaço na grande mídia para divulgação de bandas alternativas, independentes é um fato. Mas em contrapartida a internet abre essas portas e quem souber aproveitar pode ser dar muito bem. É isso que nossa banda vem fazendo, mas claro, sem deixar de tentar um espaço para notas em jornais impressos e em chamadas de algum canal alternativo de televisão”, explica Carla Guttini, vocalista da banda baiana de pop-rock Fonoclama, que possui uma página no Myspace. Esse ponto de vista reflete o pensamento das bandas alternativas que sabem que a internet não é o único caminho para o sucesso.

Além dos benefícios propiciados pelos meios de comunicação, algumas bandas alternativas mostram-se com um “pé atrás” em relação a alguns espaços de divulgação, como a Rádio. Este é o caso da banda de rock paulista Não Concordo!, que possui uma visão crítica ao meio. “A maioria das rádios mostra um interesse comercial em detrimento à qualidade musical”, diz o vocalista e guitarrista Rafael Campos. Por conta deste tipo de dificuldade, o Myspace, na qual a banda participa, tem hoje no mundo, cerca de 110 milhões de usuários. Muitos são pessoas sedentas por novidades na área musical.

Devido à indústria cultural, existe a dificuldade de se fazer uma maior divulgação de bandas desconhecidas para a grande massa. Reduzindo as oportunidades de que o público conheça novas idéias e alternativas musicais, o que acaba por limitar o conhecimento dessas pessoas somente a grupos de forte apelo comercial. Com base nisso, o Myspace preencheu essa lacuna do mercado e sociedade, transformando-se num ponto de encontro daqueles que querem ter sua música reconhecida, ou seja, o futuro da música passa e continuará passando por esses sites.

Ainda sobre o futuro, o objetivo das bandas do cenário independente passa pelo reconhecimento de suas obras a fim de dar continuidade ao seu trabalho, com a meta de conquistar ouvintes fiéis. Por conta disso, o intercâmbio entre as bandas é feito sem restrições, no qual elas enviam recados entre si, ora para tecer elogios ou divulgar suas respectivas músicas. Com isto, o cenário alternativo vai crescendo no mesmo ritmo do Myspace, que pode ser considerado um espelho do futuro musical.

O site e seus usuários

Em sua maioria, os usuários do Myspace são compostos por pessoas jovens, na faixa etária de 15 a 40 anos. Alguns procuram fazer novas amizades, publicar fotos e vídeos, utilizando assim o site como um espaço pessoal. Mas, normalmente, a sua utilização tem como objetivo a procura e o acompanhamento de bandas, transformando a música no “carro-chefe” do site.

“Com o avanço da tecnologia e da pirataria, o cenário musical mudou. Hoje em dia não existe mais entregar um cd demo, e sim divulgar o MySpace, o Palco Mp3, entre outros sites”, explica o compositor Fernando Lui, que tem a opinião de que, por conta do avanço da internet, o fim do CD está próximo, ou seja, seus usuários já possuem uma mentalidade condizente com os avanços tecnológicos e com uma nova forma de enxergar a música.

O Myspace, por sua diversidade de conteúdo, abre um novo horizonte aos internautas, que podem conhecer bandas dos quatro cantos do planeta e escolher os artistas de sua preferência. Assim, o site entra como alternativa ao combate à alienação musical.

Trampolim

Sonho para muitos, realidade para poucos. Este é o quadro do MySpace, que pode fazer com que bandas e cantores anônimos alcancem o estrelato. Diretamente das garagens a programas de televisão e rádio, nomes emergentes da música souberam aproveitar as facilidades de um dos principais sites da internet.

No âmbito internacional, os ingleses do Arctic Monkeys são um dos exemplos do poder de divulgação propiciado pelo site. Por meio de shows em bares e CDs demos, a banda conquistou uma pequena legião de fãs em sua cidade natal, Sheffield. Foram precisamente esses admiradores que criaram a página da banda no site, o que alavancou a carreira dos rapazes. Para se ter uma idéia, o primeiro álbum, Whatever People Say I Am, That's What I'm Not (2006), vendeu, só no Reino Unido, mais de um milhão de cópias.

Já em terras tupiniquins, Mallu Magalhães, de apenas 15 anos, é a nova revelação da música nacional, após colocar em sua página quatro músicas gravadas com o dinheiro dado pelos pais e avós, em seu aniversário. Ela, que compõe e canta em inglês, tem influências de Bob Dylan e Johnny Cash e, com seu folk despretensioso, atingiu a marca de 700 mil visitas. Esta fama repentina possibilitou a ela mostrar seu trabalho em programas globais, tais como “Altas Horas” e “Programa do Jô”. Mostrando, assim, que a idade no MySpace não é barreira para compositores que buscam seu lugar ao sol.

Abraços!

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