Leandra
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Leandra


Leandra tinha 9 anos e não gostava de jabuticaba. Acordou um dia pelas 11 horas da manhã e sua avó, já impaciente lhe disse:
- Minha filha, se arrume logo, a gente já vai sair.
- Pra onde vó?! Acabei de acordar, ainda vou tomar banho e...
- E vai fazer isso bem rápido porque o carro já chega pra nos levar.
- Tá bom vó. Cadê painho?!
- A gente tá indo ver ele, meu amor.
- Ele tá no hospital, vó?! É isso?! Machucaram painho?! Eu disse que ele não devia ir naquela festa, eu disse.

Leandra já esboçava uma expressão de choro. E não parecia que esse choro demoraria pra desabar pelo seu rosto.

- Ande logo, Leandra. Vá tomar banho, vá se arrumar.
- Eu vou, mas me diga. Painho se acidentou e mainha tá lá com ele, né?!
- Sua mãe está com seu pai sim, minha filha. Agora vá logo se arrumar que já estou quase pronta.
- Tá bem. Sua benção, vovó.
- Deus te abençoe, meu amor. E te dê muita paz nesse coração.

Leandra foi tomar banho e sua avó começou a chorar, chorava tanto que pensava que a menina fosse ouvir. Chorava por estar anestesiada com tudo que estava acontecendo. Chorava descontroladamente. Dona Dina já tinha seus 68 anos e não estava preparada para os últimos acontecimentos. Tentado prever a saída de Leandra do banheiro, tratou de enxugar suas lágrimas e de tentar esboçar um sorriso. Parecia meio falso, mas era o que ela conseguia fazer naquele momento. Ela estava realmente destruída.

- Vó, será que dá tempo de comer antes de ir ver painho no hospital?!
- Dá sim, daqui a vinte minutos o carro chega. O que você quer?!
- Eu quero aquele pedaço do pão doce que a senhora fez ontem.
- Pão doce?! Logo cedo?! Não senhora, vai comer cuscuz com leite e depois é que pode comer o pão doce.
- Eu sabia que a senhora não ia deixar. Eu como cuscuz. Vó?!
- Oi, Leandra.
- Eu gosto muito da senhora e também gosto muito de vir visitar a senhora aqui. Acho que logo que painho ficar bom, a gente volta pra casa, mas eu prometo que, nas férias do final do ano, eu venho passar uma semana de novo com a senhora.
- Eu vou adorar, meu bem.

Leandra deu um abraço forte na avó e depois foi terminar de se arrumar. Dona Dina ficou ainda guardando aquele abraço tão gostoso que tinha acabado de receber da sua neta. Leandra, já pronta, foi já almoçar e, quando estava acabando, ouviu a buzina.

- Vamos, Leandra, o carro chegou.
- Já terminei, vó. Só vou escovar os dentes. Já vou.
- Já estou indo pra o carro, quando passar tranque a porta e traga a chave.
- Tá bem.

Leandra ainda ouviu sua avó dizer que iriam pra algum lugar que ela não entendeu muito bem, mas que tinha certeza de que não era um hospital.

- Pronto, vovó.
- Tá bem fechado.
- Muito bem, meu amor.

Leandra recebeu um beijo na testa e logo se aninhou no colo de sua avó.

- A menina dormiu, Dona Dina?!
- Parece que sim.
- Então, ela já sabe?!
- Não. Não tive coragem de contar. Ela nunca ia aceitar ficar longe dos pais.
- Mas não é culpa sua Dona Dina.
- Obrigada, Juca. Eu sei, mas eu não tenho coragem.
- Tudo bem.

Depois de 20 minutos chegaram.

- Leandra, acorde.
- Oi, vó. A gente já chegou?!
- Já sim.
- Quero ver painho, deixa eu descer.
- Nós vamos juntas, meu amor. Se você não aguentar, segure bem forte a minha mão.
- Tá bom, vó. Mas ele só tá machucado.

Desceram do carro e Dona Dina junto com sua neta foi chegando perto de uma porta. Muitas pessoas do lado de fora olhavam pra Leandra e balançavam a cabeça com um ar triste nos olhos. A menina sem entender perguntou:

- Vó por que que tá todo mundo olhando pra mim?!
- Calma, meu amor.
- Por que eu tenho que ter calma, vovó?! Me fale. Eu preciso saber, não consigo entender mais nada. A senhora, desde que eu acordei, parece que tá escondendo alguma coisa de mim. Eu sei que aconteceu alguma coisa. Ouvi a senhora chorando quando eu fui tomar banho, me diga.

A mulher abaixou-se diante dela e respirou fundo.

- Leandra, você tem que ser forte, ontem... quando seu pai estava voltando da festa... o carro... ele... sua mãe... minha filha...
- Fala vó, fala!
- Eles sofreram um acidente, Leandra.
- Então vamos logo, vovó. Eles querem me ver, eu tenho certeza.
- Minha filha, a gente não tá no hospital.
- Como não?!

Leandra começou a chorar desesperadamente. Já havia entendido tudo. Saiu correndo. Abriu a porta e foi entrando até ver seus pais. Mortos. Dois caixões, velas, flores, gente rezando, muitos chorando. Ela correu para o seu pai.

- Painho, fala comigo. Fala comigo painho. Por favor painho, não me deixa sozinha porque eu preciso tanto de você. Eu nunca mais brigo com o senhor, painho. Pelo amor de Deus, fala alguma coisa.

Mas ele não falou. Correu pra sua mãe.

- Mainha. A senhora tem que falar comigo, mainha. Acorda, a senhora tá só dormindo, lembra?! Lembra que a senhora me disse que não ia morrer nunca?! Lembra?! Painho também disse isso. Por favor, mãe.

E ela começou a gritar de repente.

- Meu Deus, eu não mereço que meus pais tenham ido embora e me deixado sozinha. Eu não posso, eu não vou conseguir mais viver assim. Me leva junto. Eu não posso.

E percebeu tudo ficar preto, até que desmaiou. Quando acordou, pediu pra que tudo fosse um sonho, mas não era.
Então tudo que conseguiu fazer foi correr. Correu pra bem longe. E só foi encontrada no outro dia. Suja, chorando embaixo de uma jabuticabeira.



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