Improvisação difícil: meios de comunicação
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Improvisação difícil: meios de comunicação



Com o passar dos anos, o jazz que nasceu da miscigenação acabou por não desprezar flertes com nenhum gênero, pois essa foi no início a sua própria natureza. Com isso, o estilo, característico do contemporâneo deu continuidade às suas raízes de tolerância e alteridade. Porém, com o surgimento de novos sub-gêneros, também frutos do avanço tecnológico, como o fusion, o smooth jazz e o acid jazz, a indústria cultural viu que guitarras e teclados poderiam popularizar o estilo musical. O que causou a critica de muitos músicos e especialistas que consideram que o verdadeiro jazz havia se tornado somente mais um sub-gênero no meio de tantos outros.


Com essa diversidade o jazz aproximou-se, por conta da indústria cultural, da chamada world music. Nas maiores lojas de discos do Brasil, o jazz e a world music, juntamente com a música clássica, encontram-se juntos no mesmo setor, normalmente separados dos demais através de um espelho, que forma uma sala especial. Na world music temos o tango, o fado, o flamenco, a salsa agrupados nesse gênero; já no jazz, os tradicionais bebop, cool e swing dividem a mesma categoria com os contestados e eletrônicos acid jazz e smooth jazz. Com isso, saxofonistas como John Coltrane e Kenny G acabam por serem classificados como instrumentistas do mesmo gênero musical.

Existem também duas questões que dificultam uma maior divulgação por parte dos meios de comunicação: a pouca investida do jazz ao campo visual, e o não enquadramento das canções de jazz aos padrões aceitos pelos canais de televisão e rádios, cujo tempo é fator preponderante.

O expoente máximo da primeira questão é o canal musical, voltado para o público jovem, chamado Music Television (MTV). Emissora que popularizou o formato vídeoclipe em que bandas e artistas usam a união entre som e imagem para propagar suas canções. Nesse universo a imagem tornou-se de grande importância para se causar um maior impacto e identificação comportamental entre artista e público.

O vídeoclipe é, desde os anos 60 com os Beatles, uma ferramenta usada pelos principais nomes do rock, hip-hop, reggae, gospel, soul, funk, samba, sertanejo e axé; gêneros que possuem grande apelo popular, principalmente entre as camadas mais jovens da população. Nesse sistema hibrido, elementos como cortes de cabelo, vestimentas, tatuagens, piercings e danças, entre outros acessórios, possuem seu valor na cultura contemporânea, que contempla, segundo Terry Eagleton, a intensidade erótica, o prazer na arte e, nesse caso, principalmente, o deleite do signo.

Nestor Garcia Canclini na sua obra Leitores, espectadores e internautas, reafirma a posição de que a convergência digital tem forte influência no acesso da população aos produtos culturais:

As fusões multimídia e as concentrações de empresas na produção de cultura correspondem, no consumo cultural, à integração de rádio, televisão, música, notícias, livros, revistas e internet. Devido à convergência digital desses meios, são reorganizados os modos de acesso aos bens culturais e às formas de comunicação (CANCLINI, 2009 p.33).

Com a sociedade marcada pela web 2.0, o jazz vê-se cada vez mais distante de grande parte da população, principalmente dos jovens, não apenas pela questão do tempo e da imagem, mas igualmente por uma falta de um termo denotativo do que é esse estilo musical contemporâneo.


Referência bibliográfica:


CANCLINI, Nestor Garcia. Leitores, espectadores e internautas. Trad. Ana Goldberger. São Paulo: Iluminuras, 2008.



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